Um levantamento feito em São Paulo pelo Sindicato dos Condomínios constatou que pelo menos 83% dos condomínios registram problemas de infiltração, com gotejamentos em garagens, paredes mofadas, coberturas com infiltrações e fachadas comprometidas, entre outras avarias. A impermeabilização é um recurso importante para assegurar a durabilidade das estruturas e a salubridade das edificações. Afinal, ela é capaz de proteger as estruturas contra a ação nociva da água e da umidade que aceleram a deterioração e comprometem as condições de uso e de higiene das edificações.

A impermeabilização de edifícios é um procedimento previsto no antigo Código Civil brasileiro, que exigia garantia de no mínimo 05 (cinco) anos para o serviço de impermeabilização de edifícios. Entretanto, quando essa garantia expira, é transferida a responsabilidade da impermeabilização de edifícios para os síndicos dos edifícios. E com o tempo, a construção começa a sofrer com vazamentos, e trincas, principalmente nas garagens e subsolos, entre outros fenômenos estruturais oriundos do envelhecimento das construções.

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O controle apropriado da umidade em uma construção é chave para evitar manifestações patológicas que abreviam a vida útil das estruturas, que afetam superfícies e estruturas de concreto, impedem o uso pleno das edificações e reduzem o valor dos imóveis, além de tornar os ambientes salubres e mais adequados à prevenção de doenças respiratórias. A impermeabilização cumpre a função de formar uma barreira física que protege a edificação dos malefícios das infiltrações, eflorescências e vazamentos.

Os agentes trazidos pela água e os poluentes existentes no ar causam danos irreversíveis a estrutura, além de prejuízos financeiros, principalmente quando envolve a recuperação estrutural e diminuindo a vida do edifício, e pode até causar problemas respiratórios. Infiltrações, carbonatações e desplacamentos de azulejos estão entre as patologias mais comuns quando a impermeabilização apresenta problemas. Consequentemente, previne também o aparecimento de manchas de bolor, fungos e mofos, surgimento de goteiras e corrosão de armaduras.

Para a correção de um sistema em uma reforma, por exemplo, não se pode haver uma demolição sem os cuidados para que não ocorram danos a camada impermeabilizante abaixo do piso ou proteção mecânica existentes. Por esta razão a norma ABNT NBR 16.280  de gestão de reforma, recomenda responsabilidade técnica em reformas em áreas impermeabilizadas.

Em uma edificação, a impermeabilização pode ser feita em paredes, pisos, caixas d’água, fundações e etc., e tem por objetivo garantir a estanqueidade, impedindo que líquidos, fluidos e vapores passem pela estrutura. A impermeabilização de pisos é feita em áreas externas que podem ter contato com a água da chuva, como telhados, coberturas e terraços. Outros locais em que se constata maior incidência de infiltrações nos edifícios começam pelas lajes de cobertura, notadamente nas garagens, fachadas, terraços e nas áreas de serviço dos apartamentos, que precisam de constantes vistorias para antecipar os problemas e reduzir os custos de reparos. As calhas e os condutores de águas pluviais são também o alvo preferido das infiltrações, devendo ser limpas periodicamente, evitando o acúmulo de folhas e detritos que possam causar problemas futuros.

Uma impermeabilização representa cerca de 3% do custo total da obra e, mesmo em circunstâncias especiais, esse gasto não passa de 5% do total, considerando projeto, consultoria, fiscalização, execução e materiais. Em contrapartida, um serviço mal executado custará muito mais. A reimpermeabilização pode corresponder a 25% do custo total da obra, dependendo do tipo de revestimento final empregado, incluindo todos os custos diretos e indiretos, inclusive os transtornos, que não são pequenos.

A norma ABNT NBR 9575:2010 estabelece as exigências e recomendações relativas à seleção e projeto de impermeabilização. A norma estabelece requisitos mínimos de proteção da construção contra a passagem de fluidos, bem como os requisitos de salubridade, segurança e conforto do usuário, de forma a ser garantida a estanqueidade das partes construtivas.

É uma etapa da construção civil muito importante, mas que muitas vezes é deixada de lado por motivos de contenção de gastos e desinformação, e pela falta de cultura no país de privilegiar a prevenção de problemas construtivos, em vez de contornar suas consequências posteriores, como manchas, bolores, oxidação das armaduras, entre outros. A prevenção é a melhor forma de conter gastos maiores futuramente. Esta prevenção idealmente deve ocorrer de forma periódica e constante. Quanto à definitividade da resolução dos problemas, é preciso eliminar a causa e não apenas os sintomas, pois medidas paliativas terão, a longo prazo, custos mais altos.

Leia mais artigos do Palmiro Soares aqui.

PALMIRO SOARES DE LIMA FILHO. Engenheiro Civil, Diretor e Membro Titular do IBAPE-MT (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), atua na área de avaliações e pericias judiciais e extrajudiciais e vistorias em condomínios a mais de 20 (vinte) anos,realizando trabalhos nas Comarcas da Capital e do interior de Mato Grosso.

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