Não é novidade que os animais de estimação são considerados, pela grande maioria de seus donos, como membros da família. Porém, hoje em dia, os cuidados destinados aos pets vão além de carinho, boa alimentação e atenção. Cada vez mais suas necessidades e seu conforto são considerados — e muitas vezes tratados como fator de decisão — na hora de construir, decorar, alugar ou comprar um imóvel.
“Sempre morei em casas e considerei muito qual seria a estrutura que teria para eles”, comentou Gisele Bautista, referindo-se ao Scott e à Lila. Na hora de trocar uma casa por um apartamento, ela optou por uma unidade que possui uma área suficiente para eles conviverem dentro de casa e, no térreo, um “espaço pet” devidamente equipado com bancada, cuba e água quente para que possa dar banho nos animais de estimação.
Gisele mora no edifício Edifício Notre-Dame, no Campolim, um dos empreendimentos mais novos da construtora Planeta que passou a oferecer esse espaço. “É algo que realmente atende às necessidades do moradores. No começo, por ser algo novo, alguns até estranharam. Mas hoje muitos usam”, comenta o síndico César Barbosa.
Na prática, o local fica disponível tanto para que os moradores o usem para dar banho em seus pets — com a limpeza à cargo do condomínio — como para que profissionais de fora o utilizem na hora de executar o serviço de banho e tosa. “É muito prático, porque eles vêm até aqui e, como estão no nosso espaço, o serviço fica mais barato. E também podemos usar quando voltamos da rua e eles sujam as patas, por exemplo”, comentou Luiza Oliveira, moradora do edifício Mont Royal que tem três cachorros, entre eles a Mita, de dois anos e meio.
“É muito prático. O pessoal do banho vem e até sobe para buscá-la”, emendou a Joana Barbosa Cintra, do mesmo edifício, falando da Suri, de nove anos. “São diferenciais que agradam muito às pessoas. Não há como não permitir mais, em condomínios, os animais de estimação”, completa César. De olho nesse mercado, a construtora já tem projetado, inclusive, para futuros empreendimentos, espaços batizados de pet garden — uma espécie de quintal e área verde cercados para que os animais de estimação possam ser soltos para brincar.
Já no projeto 
Pensar nos espaços que os pets irão usar dentro de uma residência também já é realidade no mercado de arquitetura e construção. “Isso é parte dos projetos. As pessoas estão cada vez mais entendendo o papel do arquiteto, que é criar os ambientes para atender às necessidades das famílias e, como fazem parte delas, também dos pets”, comenta o arquiteto Fabiano Puglia. Ele coleciona uma série de detalhes, em projetos que assinou, para atender aos animais de estimação de seus clientes.
“As pessoas já chegam comentando que têm um animal e do que ele precisa”, diz Puglia. Ele cita como exemplo uma cliente que, apesar de permitir que sua cadela circulasse livremente pela casa, precisava de um espaço para deixá-la presa em alguns momentos. Porém, ao contrário do que acontecia no passado, a ideia não era um canil distante das áreas de convivência — mas sim que a deixasse próxima dos demais moradores. “Nesses casos, adaptamos as próprias áreas gourmets, de piscina, varanda, terraço e churrasqueira. Uma solução criativa é utilizar alpendres, que deixam o espaço charmoso e atendem a essa necessidade”, ensina.
Puglia conta que a criatividade também tem que ser colocada em prática na hora de isolar uma piscina, por exemplo, para evitar que um bichinho acabe caindo, ou até de projetar um viveiro — como já aconteceu. “Foi um espaço para abrigar dois tucanos e quatro papagaios, mas numa residência bem na área central. Fizemos um local com facilidade para higienização e com telhado verde, que funciona como isolante térmico.”
Porém, talvez o projeto mais curioso do arquiteto para atender um pet foi o que ele batizou de “pipi dog”: um canto, dentro de um banheiro, com uma área especial para o cachorro fazer xixi, equipado inclusive com uma válvula de descarga. “Nas áreas gourmet, uma ideia boa também é instalar torneiras baixas, já voltadas para a troca dos bebedouros dos animais. Nesse caso, dá para colocar até um ralo próximo, o que facilita ainda mais esse trabalho.”
Para quem pensa em tornar a casa ainda mais agradável para os pets, Puglia indica a instalação de vãos em portas de alumínio, ferro ou madeira, com sistema de dobradiças e molas para que permitam o livre acesso. Outra dica é a instalação de um espaço especial para dar banho nos animais já na lavanderia. “Com algumas propostas específicas e cuidados, aliamos as necessidades da família e dos animais, o que permite, sem dúvida, dar mais um passo em direção ao conforto de todos na casa, tanto térmico, como de higiene e até acústico. Assim, deixa de existir o tapetinho do cachorro no meio do caminho ou as panelinhas no meio da circulação das pessoas.”
Bichanos ganham a sua gatolândia 
Não são só os cães que têm conquistado áreas especialmente projetadas para seu conforto. Os gatos também ganham espaço nos projetos. Instalar “degraus” nas paredes, para que eles possam suprir sua necessidade de escalar, já é realidade em muitas residências, principalmente apartamentos. Com criatividade, dá para criar também áreas para diversão e descanso dos bichanos.
Carinhosamente batizada de gatolândia, a área projetada recentemente pela arquiteta Giane Valverde visa atender a uma cliente que possui mais de uma dezena de gatos. Os animais circulam livremente por todos os cômodos da casa e, assim como qualquer gato, adoram subir e arranhar os móveis. “Percebi que eles dominam a casa e acabam mexendo nas coisas, pela falta de um espaço para se distraírem”, comenta a arquiteta.
Depois de estudar o comportamento dos bichanos, Giane projetou um espaço — numa área que, inicialmente, abrigaria apenas um jardim — para que os gatos possam brincar e tomar banho de sol. A ideia é equipá-la com arranhador, rede, duas árvores (apenas o tronco, para que eles possam subir), grama, degraus na parede e a areia para fazerem suas necessidades. “A proposta é que seja cercado com tela para que a dona, se precisar, possa prendê-los.”
Porém, ao contrário de um simples gatil, a ideia é que eles não se sintam nada entediados no espaço. Tudo isso instalado ao lado da área gourmet. “Mesmo estando dentro desse espaço eles estarão junto com quem estiver usando a churrasqueira, por exemplo.”
Num corredor próximo, Giane aproveitou e também criou o “quarto” dos gatos — com uma caixinha de dormir para casa um, pendurada na parede, além dos degraus para que possam subir. “No alto, um pergolado, com tela e algumas plantas, ajudarão a criar um ambiente fresco e que eles não pulem para a casa do vizinho”, completa.
Cruzeiro do Sul

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