Quase dez meses após o início da pandemia, é importante fazermos uma reflexão neste momento que pode ser um divisor de águas em nossas vidas, tal qual foi o fim da guerra fria, estamos a dias do Natal e do Ano Novo, na eminência de receber a vacina contra este mal que assolou toda a sociedade, mas a pergunta é o que virá depois? E a COVID nos adoeceu ou nos curou?

É óbvio que qualquer doença auto imune ou doença infectocontagiosa é uma tragédia sem precedentes, pois muitas vidas foram perdidas e muitos jovens que ainda não tinha realizados seus projetos de vida e milhares de idosos que ainda não tinham terminado suas lutas. Mas a COVID apesar de todo o mal que fez a raça humana e das vidas que tirou, deixará muitas lições de vida.

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Não tínhamos tempo para as nossas famílias e para ninguém e a Pandemia veio para nos ensinar e nos obrigar a ficar em casa e aprender a conviver em confinamento com a nossa família, realizados todas as atividades sem ajuda, trabalhando, estudando, cuidando de casa, dos filhos, dos cônjuges, enfim, foi um grande aprendizado e até hoje ainda estamos aprendendo a ter paciência e perseverança. Temos que olhar para as pessoas que perderam seus empregos, seus negócios e ou tiveram que se reinventar para sobreviver, tudo mudou, muitas coisas para melhor e é isso que devemos absorver, as mudanças positivas que esta doença nos trouxe, pois hoje conseguimos fazer quase tudo de forma digital.

No segmento condominial, não seria diferente, o mundo para o Síndico virou 180º, tudo aquilo que era demandado nos condomínios foram paralisados e ou ficaram em plano secundário e todas as rotinas que eram percebidas e ou toleradas pelos moradores passaram a ser protagonistas. As necessidades mudaram, com isso mudou a visão sobre o condomínio e sua unidade habitacional para os moradores.

Com isso a ABRASSP (Associação Brasileira de Síndicos e Condomínios) também se adequou quanto ao seu papel, muito ativa nas dezenas de cursos realizados por ano, expandiu os seus horizontes no apoio irrestrito aos síndicos e condomínios e isto ocorreu por fases e assuntos. Primeiro o aprendizado de como lidar com o confinamento e assepsia dos condomínios. Muitos condomínios tiveram regras das mais rigorosas as mais brandas quando aos procedimentos internos, até apoio jurídico sobre questões demandadas pelas unidades. Os principais temas tratados foram os seguintes:

CONFINAMENTO E OCORRÊNCIAS: O ser humano não foi feito para ficar enjaulado ou engaiolado, e não lidou muito bem com o confinamento excessivo, com isso o aumento de ocorrência nos condomínios foi de 150% em média, alguns condomínios teve o aumento de 400%. Com o Home Office e Home Schooling, o nível de intolerância chegou a ZERO, uma vez que alguns assuntos incomodam mais do que outros, mas o campeão foi o de sempre, o famoso BARULHO, ocasionado principalmente por:
-Obras e Reformas nas unidades e nas áreas comuns;
-Brigas domésticas com o aumento excessivo no número de divórcios e ocorrências policiais por conta da violência doméstica;
-Som e conversas altas acima do permitido ocasionado pelo aumento do consumo de álcool e transmissões de lives;
-Barulhos e ruídos de animais e crianças por conta do confinamento excessivo de seus responsáveis;

COMPRAS DE ACESSÓRIOS: Aquisição de máscaras descartáveis e máscaras de dupla camada, álcool em gel, dispensers e sanitização dos ambientes no início foi um desafio pois com a falta de matéria prima, o preço foi jogado lá para cima e não tinha estoque para atender toda a demanda reprimida. Outro ponto que depois veio a exigência de medição de temperatura dos funcionários, capa das botoneiras para os elevadores, máscaras faciais, placas de alertas e a contratação dos serviços de sanitização, , além de todos os procedimentos que tiveram que ser adequados para manter os atendimentos, a sanitização e o atendimento especial aos moradores em contágio e suas obrigações.. Foi publicado uma lei que obrigação aos Condomínios a realizarem a desinfecção de 2hs e 2hs horas de 06 da manhã às 22 horas. perder a liberdade, com o fechamento dos comércios e atividades profissionais, os condomínios tiveram suas áreas comuns fechadas

HIGIENIZAÇÃO DAS ÁREAS COMUNS: Participação ativa na correção da lei 6.562/2020 que obrigava os condomínios a higienizarem seus condomínios de duas em duas horas de 06hs às 22hs. A lei foi substituída pela lei 6.641 com novo texto que obriga realizar a higienização em intervalos que garantam total assepsia, na forma dos protocolos das entidades sanitárias oficiais, com álcool 70% ou material análogo capaz de exterminar o vírus da Covid-19

INADIMPÊNCIA: Quando a pandemia começou, iniciou demissões em massa, redução dos das jornadas de trabalho e salários prevista pela lei transitório 14.020/2020 de 25% à 70%, com isso o primeiro item no condomínio a ser afetado foi a inadimplência que aumentou em média de 8% para 12,5%, alguns condomínios tiveram uma inadimplência de 20% a 40% entre os meses de abril à julho. Com isso a ABRASSP incentivou os síndicos a olharem suas realidades e serem criativos na resolução do inadimplemento, com aumento de prazo e aumento do desconto pontualidade em caso do conselho e assembleia terem aprovado.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: Participação ativa na lei que obrigado os condomínios a denunciar casos de violência doméstica em caso de mulheres, crianças, idosos e adolescentes. Como qualquer lei nova, existe um trabalho árduo na divulgação e explicação dos procedimentos e dos benefícios da lei, pois apesar de ser mais uma obrigação ao síndico, das milhares já existem, empodera legalmente o condomínio a atuar na correção da violência doméstica acabando com a impunidade, por conta da sua obrigação, o condomínio passa a ser vigilante e atuante. É sabido que na pandemia os casos aumentaram bastante por conta do confinamento excessivo e muitas vítimas não conseguiram sair do imóvel dos seus agressores, por isso a manutenção desta lei é fundamental.

FECHAMENTO DAS ÁREAS COMUNS: Outro ponto crucial foi o apoio aos Síndicos nos processos de abertura e fechamento das áreas comuns. O Presidente Nacional da ABRASSP, Paulo Melo, criou um sistema de paridade, onde associou todas as áreas e setores econômicos com as áreas comuns, ou seja, quando os governadores começaram a fechar o comércio por tipo de atividade econômica, as áreas comuns deveriam ser fechadas por similaridades, exemplo, boates, bares e restaurantes, foram fechados os salões de festas, gourmet fest, gourmet pub e áreas similares, quando fecharam as academias e clubes foram fechadas as quadras poliesportivas e academias condominiais. Ainda criou um sistema comparado ao metrô, onde todas as áreas de acesso deveriam estar seguras e higienizadas e que na liberação das áreas comuns fosse feito de forma gradual, por meio de um sistema escalonado voltando aos poucos com regras claras de uso e limitação de pessoas, ir liberando uma área de cada vez e implantando as regras com sistemas de agendamento, limitação de moradores, distanciamento, uso obrigatório de máscaras, álcool em gel.

SERIÇOS DE ATENDIMFENTO AO MORADOR:
Muitos condomínios tiveram que implementar serviços de atendimento ao morador para auxílio ao morador em caso de contágio, alguns colocaram os seus colaboradores para recebimento e entrega de encomendas e alguns até disponibilizaram para compra de medicamentos e necessidades emergenciais. Alguns entenderam que os serviços ofertados pelo mercado como Marido de aluguel, serviços de camareira, lojinha, conveniência, feira orgânica, lavagem ecológica, internet condominial, ajudariam os condôminos e fariam com que os moradores não precisassem sair do condomínio, pois teriam a oferta de serviços e produtos dentro do condomínio….

ASSEMBLEIA VIRTUAL:
Participação ativa na lei transitória 14.010 que foi sancionada pelo presidente, entretanto com muitos vetos de assuntos condominiais que traziam responsabilidade e poder ao síndico. Com isso, a ABRASSP deu apoio massivo, os líderes atenderam diariamente diversos síndicos com dúvidas sobre os procedimentos de assembleias virtuais e ou presenciais. Com a lei transitória 14.010 muitos síndicos tiveram dúvidas se poderiam fazer assembleia virtual e como se daria este procedimento, com isso muitas plataformas como Condomínio Dedicado, Residence Web, Superlógica, ByDoor, SeverinoAPP, entre outras… Muito se discutiu, pois ninguém estava preparado, os sistemas adaptaram-se e alguns síndicos precisaram fazer a assembleia virtual, outros fizeram mista e o restante continuou fazendo presencial. Alguns síndicos prorrogaram seus mandatos, mas esqueceram que a lei previa a prestação de contas independente da prorrogação.

Qualquer pessoa gosta de ser inserida no seu meio social e isso não seria diferente do síndico, muitos síndicos viram iniciativas lindas e maravilhosas e nos questionaram se deveriam copiar, então o maior número de orientações foi no sentido de cada condomínio realizar suas benfeitorias de acordo com a sua realidade e com as necessidades de seus condôminos, que se cada um devia se ater ao cumprimento da legislação vigente de forma a melhor atender o seu condomínio, uma vez que cada condomínio tem um perfil de moradia, de moradores e orçamentos totalmente distintos.

Agora, temos que começar a nos preparar para um mundo sem COVID, mas com mais qualidade nos nossos relacionamentos familiares, mas tempo para quem mais importa e é óbvio que com uma visão de um mundo melhor e mais preparado para novos desafios.

Os síndicos e os condomínios não serão mais os mesmos, ganharam vários acessórios novos, novas rotinas e muitos entenderam que precisam evoluir com novos serviços que atendam às necessidades dos moradores. Sabemos que não foi fácil, mas ficará um aprendizado para a humanidade, acho que o maior de todos, o quanto nossos familiares, amigos e conhecidos são importantes em nossas vidas e quanta falta faz a nossa liberdade de ir e vir e consumir os serviços que queremos.

Juntos somos mais fortes.
Davi Shamballa
Presidente ABRASSP-DF

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