A área de avaliação, recuperação e reforço de estruturas se assemelha etimologicamente a área médica. Para se conhecer a “saúde” da estrutura, ou seja, o grau de conservação, durabilidade e segurança estrutural é de fundamental importância que sejam realizadas inspeções periódicas e “exames clínicos”, no caso da engenharia diagnóstica, ensaios destrutivos ou não destrutivos nas edificações.
Para abordar um pouco mais sobre este assunto, o Eng. Civil Mário Galvão, M.Sc conversou com o Eng. Leonardo Braga Passos, M.Sc, sócio/diretor da PI-Engenharia e especialista em engenharia de estruturas, para auxiliar o síndico sobre este assunto.
Eng. Mário Galvão: Leonardo, qual a importância da manutenção periódica na estrutura de um edifício?
Eng. Leonardo Braga Passos: Mário, as estruturas dos edifícios, pontes, viadutos, barragens, dentre outras em nosso país, estão envelhecendo. Similar a nós, que devemos realizar check-up’s periódicos ao longo de nossas vidas, para avaliarmos nossa saúde, o mesmo procedimento deve ser realizado em estrutura de um edifício e não apenas trata-la somente após a evidencia de que algo não está indo bem. A estrutura é o “esqueleto” da edificação e é responsável pela segurança de todos os demais sistemas integrantes de um edifício e de seus usuários. Sendo assim, caso esta esteja “doente”, deverá ser tratada (medicada) para não ocasionar futuros acidentes.
Eng. Mário Galvão: Qual profissional deve ser contratado para realizar a análise estrutural?
Eng. Leonardo Braga Passos: Para tal análise, deve-se contratar um profissional habilitado, ou seja, engenheiro civil. Recomenda-se que este profissional seja especializado e possua larga experiência na áreas de estruturas e engenharia diagnóstica.
Eng. Mário Galvão: Quais principais sinais que indicam que a estrutura encontra-se possivelmente “doente”?
Eng. Leonardo Braga Passos: Os casos mais comuns identificados em edifícios residenciais e comerciais são: lixiviação (estalactites) que são formados principalmente sob áreas molhadas como banheiros e lajes de cobertura; desplacamentos de concretos e armaduras expostas na base de pilares, principalmente em pilares de subsolo, fachadas externas e garagens; desplacamento e armaduras expostas em lajes e vigas principalmente em coberturas e áreas externas; infiltrações em juntas de dilatação; umidade em muros de contenção; fissuras, trincas e rachaduras em paredes e elementos estruturais; dentre outros.
Eng. Mário Galvão: Quais os principais procedimentos devem ser adotados durante a inspeção da estrutura?
Eng. Leonardo Braga Passos: O profissional deve: procurar conhecer a história da edificação (quando foi construída, se existem projetos, se ela já passou por algum tipo de intervenção, etc..); realizar uma análise visual da estrutura e identificar as patologias visíveis; identificar as prováveis causas que estejam ocasionado aquelas patologias; prescrever e realizar os adequados ensaios destrutivos e/ou não destrutivos para cada tipo de patologia para poder conhecer o grau em que se encontra a “saúde” dos elementos estruturais inspecionados (detecção magnética de armaduras, profundidade de carbonatação, ultrassonografia, radar, potencial de corrosão, dentre outros).
Eng. Mário Galvão: Após o estudo da saúde da estrutura, quais medidas devem ser tomadas?
Eng. Leonardo Braga Passos: O síndico, após receber o laudo do profissional que realizou o diagnóstico, deverá encaminhar a profissionais habilitados (engenheiros) que possuem know-how em tratamento, recuperação e reforço de estruturas, que irão garantir, após a realização dos tratamentos, o reestabelecimento da “saúde” e segurança da estrutura e de seus usuários.