Uma bebê foi atropelada, na tarde desta segunda-feira (29), na Candangolândia, no Distrito Federal. Raabe de 1 ano e 5 meses foi atingida pelo carro do próprio pai, que manobrava para sair da garagem de casa.
O professor Roger Amorim, pai de Raabe, contou que ele e a esposa, a auxiliar de escritório Laís Thayná, se preparavam para sair de casa para levar a filha ao médico. No entanto, quando o homem foi tirar o carro, a menina foi sozinha para a frente do veículo.
As câmeras de segurança da vizinhança flagraram o momento do acidente. As imagens mostram que Raabe ficou parada em frente ao carro, sem que os pais percebessem.
Em seguida, o veículo andou um pouco e encostou na bebê, que se desequilibrou e caiu sentada. Sem ver a filha, o pai continuou manobrando, até que a criança foi atropelada.
De acordo com a família, Roger só parou o carro quando escutou a companheira gritar. “Estava totalmente no meu ponto cego. Ela [a filha] tem a estatura muito pequena e a frente do carro é muito alta. Como ela estava muito colada no carro, não tinha como ver de jeito nenhum”, afirmou.
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A mãe disse que estava dentro de casa e, primeiro, escutou um barulho. Em seguida, veio o choro da menina, segundo a mulher.
“Fez o barulho da batida e ela chorou chamando ‘papai’. Eu liguei uma coisa na outra e já saí correndo. Quando eu vi, ela já estava debaixo do carro”, contou Laís.
De acordo com a mulher, a filha estava “deitadinha de bruço” e “olhando desesperada”. Entrei embaixo do carro e peguei ela”, afirmou.
Após o acidente, o casal saiu de casa e levou a filha ao Hospital de Base. Raabe passou por exames e, por sorte, não teve lesões graves.
Depois do susto, os pais afirmaram que vão redobrar a atenção. “Não pode tirar o olho um minuto, porque já é o suficiente [para acontecer algo]”, afirmou a mãe.
Acidentes em casa com crianças
De acordo com dados do Ministério da Saúde registrados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade Infantil, que integra o DataSUS, no Brasil ocorreram 1.616 óbitos por acidentes domésticos com crianças de 0 a 14 anos de idade no período de 2020 e 2021, sendo 792 óbitos em 2020 e 824 em 2021 (confira o infográfico).
Observa-se que o maior número de mortes infantis por acidentes domésticos ocorreram na faixa etária de 0 a 4 anos, com 621 óbitos em 2020 e 671 no ano de 2021. A unidade federativa com o maior número de registros na mesma faixa etária é São Paulo, com 113 ocorrências em 2020 e 136 registros em 2021.
Vale ressaltar que a última base de mortalidade qualificada disponível refere-se às mortes ocorridas em 2020. O banco de dados referente ao ano de 2021 ainda está em aberto para recebimento de registros e/ou para qualificação após investigação, procedimento padrão para esse tipo de dado. Dessa forma, é importante destacar que os dados referentes a 2021 são preliminares e estão sujeitos a alterações.
De acordo com o médico José Adorno, presidente da Sociedade Brasileira de Queimados e cirurgião plástico da unidade de queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), centenas de intercorrências poderiam ser evitadas com conhecimento básico sobre causas de acidentes domésticos e atitudes preventivas.
“Observamos a repetição desses episódios com bastante frequência e a única forma de termos menos sequelas e óbitos decorrentes de acidentes domésticos com crianças é transformar esse dado em uma ação produtiva. Conscientização e prevenção devem ser prioridade para agentes públicos e compromisso para pais e responsáveis”, atesta.
Adorno relaciona uma série de cuidados para serem praticados dentro de casa. Entre as precauções, ele destaca aquelas que podem evitar queimaduras.
“É fundamental estar atento ao armazenamento e ao uso de líquidos inflamáveis nas residências. Álcool e gasolina são armas perigosas, principalmente quando utilizados para acender churrasqueiras. Líquidos superaquecidos, como óleo quente, causam enormes danos estéticos quando derramados sobre a pele. Fios elétricos desencapados, sem a devida manutenção, podem gerar o óbito instantâneo de bebês por choque elétrico”, alerta o médico.
Nos casos em que prevenir o acidente não é possível, o foco passa a ser realizar os primeiros socorros de forma adequada. Sobre isso, o médico elenca atitudes equivocadas em relação ao uso de substâncias incorretas para tratar as feridas. “Vemos uma parte da população seguir conselhos aleatórios e, erroneamente, colocar manteiga, clara de ovo e borra de café sobre a pele queimada, mas isso não é recomendado pela medicina. A orientação é que a área seja resfriada e lavada com água em temperatura ambiente. Depois, um pano limpo deve ser colocado sobre a região afetada para proteger a lesão, até que a criança possa ser levada em segurança a uma unidade de saúde para receber o atendimento apropriado”, recomenda. “Se for uma queimadura grande, os pais devem acionar imediatamente o SAMU (Disque 192) ou o Corpo de Bombeiros (Disque 193)”, acrescenta Adorno.