Viver em condomínio traz diversas vantagens para seus moradores. É possível contar com vizinhos e ter a disposição espaços de convivência que por vezes não seriam mantidos em uma casa particular.
O inicio da vida tribal
A vida em condomínio é o início da vida tribal e por mais estranho que pareça, o nosso avanço como sociedade nos levará para um modelo muito antigo. O primeiro modelo. A consciência sistêmica tomará o lugar da consciência individualista, pois há em algumas pessoas um desejo pelo bem comum junto do desejo pelo bem individual.
Nas tribos que ainda resistem, em especial nas selvas ou em ilhas, como a ilha de Amantani (Peru) a consciência tribal faz com que se perceba que a harmonia só pode existir quando todos os envolvidos, de alguma forma, são ouvidos, responsabilizados e  atuantes para o bem estar comum.
Quando escolhemos viver num ambiente com pessoas estranhas o outro, inevitavelmente, nos oferece ideias diferentes, atitudes estranhas, hábitos surpreendentes. O outro sempre está a serviço de que repensemos nossos próprios hábitos. Quando estamos diante de pessoas desconhecidas, temos que, compulsoriamente, soltar o controle sobre a nossa própria vida e buscarmos, se quisermos viver bem e em paz, algum tipo de atitude que nos harmonize com esse outro. Esse é o movimento que mais nos faz amadurecer. E, quando a vida nos dá, através dessas pessoas desconhecidas, grandes amigos, é claro, também nos transformamos: surge o amor e uma profunda motivação para auxiliar esse amigo ou amiga. Isto nos faz mais solidários.
Ter uma boa liderança no condomínio também ajuda bastante na hora de resolver os problemas, principalmente para que seja promovida a participação de todos. Os que se omitem, assim como os queixosos, não compreendem numa profundidade maior, a importância do respeito às individualidades e a participação de todos. É mais fácil acusar e reclamar do que assumir o seu lugar nesse grupo e trazer soluções. As lideranças devem trabalhar o grupo, mesmo que no início apenas a minoria responda a esses apelos. E, a partir disso, mais fortes, aos poucos os demais sejam contagiados.
O individualismo esconde duas razões: o medo da humanidade do outro; a sensação de que não há espaço para os dois, ou seja, são dois competindo por um lugar. Estas são as bases inconscientes das neuroses das grandes cidades. Ambas fruto de uma total distorção do que é a essência da vida individual e coletiva. Por isso, todo o egoísmo esconde, em suas entranhas, o medo de que vai faltar, o medo que o outro vai invadir; o medo que não seremos capazes de superar todos os desafios da vida moderna. E, no condomínio, evidentemente, esta questão aparece, por vezes, ainda mais explícita. São condomínios onde há episódios quase que diários de conflitos entre os seus moradores.
Por isso, o ambiente tem que trazer segurança. Não falo somente das possíveis grades, cercas elétricas e câmeras de monitoramento, mas, cultivar hábitos nas pessoas que cativem a confiança dos outros. Este diálogo, que muitas vezes acontece sem palavras, é o que verdadeiramente traz o clima de segurança no condomínio. E, através deste mais agradável clima, as relações mais sustentáveis.

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