Antes porteiro e agora zelador de um condomínio em Coqueiros, Luiz Vitalino Ferreira conta sua trajetória em uma profissão que precisa ser valorizada.

O universo condominial conta com vários profissionais inseridos no dia a dia. São cargos que exigem qualificação, liderança, conhecimento em gestão e boa relação com os condôminos.

No entanto, existem duas posições no organograma de um condomínio que, além das exigências anteriores, contam com uma qualidade que é diferencial: confiança. Porteiros e zeladores, principalmente os identificados por anos de trabalho no local, passam de funcionários a pessoas em que os moradores confiam como amigos, conselheiros e até como inspiração.

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Estar atento a tudo que acontece em um condomínio durante o dia, assim como estar vigilante nas madrugadas para que o bem comum de muitos moradores se mantenha a salvo, é o dever de zeladores e porteiros, profissionais que conhecem até mais do local em que os condôminos residem do que os próprios proprietários. Há 25 anos no Condomínio Orlando Sylvio Damiani, no bairro Coqueiros, em Florianópolis, Luiz Vitalino Ferreira, 50 anos, escreve a sua história de vida. Foram 12 anos na portaria, com longas madrugadas, e os últimos 13 anos atuando como zelador. O início da jornada é cheio de incertezas, mas passados um quarto de século trabalhando no mesmo condomínio, muita coisa ele pôde vivenciar, desde moradores que eram crianças hoje já são adultos até fatos curiosos dentro da profissão, como atender morador preso em elevador até a chegada do técnico, abrir um pote de mantimentos, intervir em discussão e muitos outros fatos.

“Eu trabalho em um local que me ajudou a ter tudo na vida. Sou muito bem tratado por todos os moradores, exerço meu trabalho de uma forma que estou à disposição. Posso dizer que sou o braço direito do síndico, passo para ele as demandas porque não é tudo que posso fazer. Não deixo os moradores e nem o síndico na mão, é uma relação de muita responsabilidade”, relata.

Síndico profissional do condomínio onde Luiz trabalha, Helton Silveira de Souza conta um pouco sobre a relação de ter um profissional para ajudar na gestão, já que nem sempre consegue estar o dia inteiro diretamente no local.

“Um síndico, para ter êxito em sua gestão precisa ter ao seu lado profissionais que lhe deem suporte. Dentro do condomínio, eu tenho o profissional Luiz como esse parceiro e colaborador, tantos anos de experiência, cumprindo suas funções com excelência e dedicação. Tenho muita confiança nele, sendo que fico muito tranquilo e seguro de que as funções e a boa ordem dentro do condomínio estão sendo cumpridas com muita responsabilidade, além de nos ajudar com as decisões operacionais que tomamos em conjunto, isso faz parte do sucesso da nossa gestão”, destaca.

Como dito anteriormente, a função de zelador oportuniza uma relação de confiança entre o profissional e os moradores. Nesse ponto, entre todos os quatro blocos do condomínio, Luiz conta que tem situações em que só essa relação de proximidade entre eles é capaz de ter algo que nem todos os prédios conseguem ter.

“Não é raro um morador pedir para receber um móvel e não poder estar em casa, ele deixa a chave comigo e quando ele chega está tudo dentro do apartamento, instalado e sem ninguém mexer em nada. Poder chegar todos os dias para trabalhar e ser respeitado me deixa muito feliz”.

Outro fato que não é corriqueiro na profissão de porteiro é a violência. Nesse ponto, Luiz Vitalino Ferreira conta que teve apenas uma noite de maior tensão em todo esse período no Condomínio Orlando Sylvio Damiani. Ele diz que quatro pessoas tentaram furtar um carro, mas ele deixou o posto para verificar. No fim teve a arma apontada e teve os pertences levados pelos bandidos.

Meia vida no condomínio

Os 25 anos de atuação dentro do Condomínio Orlando Sylvio Damiani acompanharam o crescimento da família. O filho Lucas, hoje com 22 anos, veio ao mundo quando Luiz já trabalhava no condomínio. Com o que recebia e mais o que buscava fazer nas horas livres, conseguiu construir uma casa e, mais recentemente, a compra de um terreno em Alfredo Wagner. Junto com o filho, empreenderam e hoje contam com uma pousada para locação. “Fomos juntando dinheiro e hoje temos um lugar muito bonito onde as pessoas aproveitam e eu passo os meus 30 dias de férias. Com o trabalho pude dar conforto para a minha família e mostrar aos moradores que sempre podem contar comigo”.

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