Síndica vira ré por injúria racial
Prédio do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul em Porto Alegre — Foto: Reprodução

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Sul (TJRS) aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) pelos crimes de injúria racial e perseguição praticados pela síndica de um condomínio de Porto Alegre, Cintia Maria Schindler, contra a empregada doméstica que trabalha para um dos moradores, uma mulher negra de 48 anos.

A Polícia Civil não divulga informações sobre o caso devido a um protesto da categoria. O g1 apurou, no entanto, que o registro policial foi feito pela empregada em 3 de novembro de 2022.

[

LEIA TAMBÉM: Rooftop em condomínios: a tendência de ter um terraço no último andar

Na ocasião, ela disse que há pelo menos um ano era ofendida pela síndica do Condomínio Edifício San Remy com expressões como “negra suja e imunda”. Além disso, que era proibida por ela de frequentar áreas comuns do edifício, como hall, elevador e garagem. Também não podia entrar no espaço pela porta da frente – somente pelos fundos.

O advogado que defende a empregada, Diego Cândido, conta que a sua cliente trabalha no local há sete anos, mas há 23 para a moradora do condomínio. Ele foi contratado com o apoio da empregadora da sua cliente. Ele diz que as ofensas teriam começado quando a síndica assumiu a função.

“Houve uma situação em que a empregadora dela viajou e deixou uma procuração para que ela [a cliente] representasse ela na reunião de condomínio. Nessa reunião, ela [a síndica] disse que [a cliente] não tinha direito de voto, que não poderia falar, que era apenas uma empregada doméstica, e a xingou com ofensas racistas. A partir de então, foram instaladas câmeras para parte interna do condomínio, elevador, entrada. Cada vez que [a cliente] entrava, a sindica esperava ela no elevador ou perseguia dizendo que não poderia usar o elevador”, conta Cândido.

A síndica, Cintia, foi chamada para prestar depoimento à Polícia Civil, mas ela não compareceu. Em março deste ano, ela foi indiciada por injúria qualificada discriminatória, com uso de elementos referentes a raça, cor, etnia e origem.

LEIA TAMBÉM: I Seminário de Direito Condominial de Águas Claras/DF

Processo civil

Em paralelo ao processo criminal, há um processo civil movido por Cândido em nome da empregada doméstica.

“Acabei ingressando com um processo contra ela e o condomínio porque o conselho está ciente. A vítima, várias vezes, pediu ajuda e eles acabaram apoiando a síndica e reelegendo ela”, afirma Cândido.

Segundo o advogado, houve um episódio em que sua cliente reclamou das ofensas e não teria recebido nenhum suporte. Inclusive, a síndica teria dito que ela havia feito a denúncia em um local errado, que “o correto era o Ibama, pois é onde defendem macacos”.

LEIA TAMBÉM: Outubro Rosa no Condomínio: juntos na luta contra o câncer de mama

A ação é por danos morais contra a síndica por conta das agressões e contra o condomínio porque não teria feito nada apesar de estar ciente das ofensas.

Fonte: G1

Leave A Reply