Face aos recentes desastres nas estruturas de um bloco na Asa Norte e no viaduto no eixão Sul, O Jornal do Síndico há aproximadamente 22 anos já fazia uma alerta sobre esses danos, publicando matéria na edição 117/setembro de 1995 pág. 03, intitulada O Concreto está ruindo de forma silenciosa (fác-simile pag. 11), cujo conteúdo republicamos na íntegra e serve permanentemente, adicionado com novas tecnologias nessa área, mas é o básico, como se segue.
Símbolo da arquitetura moderna, Brasília utiliza, em quase todas as suas construções, o concreto aparente. As agressões do tempo, a falta de manutenção e erros no início da construção são fatais e podem transformar-se em um pesadelo para quem constrói. As empresas especializadas em tratar o concreto doente surgiram há pouco tempo. Mas os problemas começaram a aparecer na década de 40, quando a Europa e a América do Norte utilizaram o concreto aparente em grande escala.
Em Brasília, essa utilização é feita também em larga escala. Nessa matéria, apresentamos os principais cuidados que devem ser tomados, quais as causas da doença do concreto e o que as pessoas devem fazer para que a situação não piore.
O Concreto está ruindo e de forma silenciosa. As grandes construções são feitas em sua maioria de concreto aparente ( as obras que tem revestimento estão mais protegidas), um dos símbolos da arquitetura moderna. Em Brasília, a situação é mais delicada ainda devida às agressões do clima,
A Catedral Metropolitana, por exemplo, já passou por uma ampla reforma.
Os edifícios também estão sofrendo. O engenheiro Adalberto Cleber Valadão chama a atenção para as três principais causas da doença do concreto. A exposição da estrutura ao meio ambiente externo, agredindo as ferragens é uma delas. Essa exposição, conforme suas explicações, e decorrentes de defeitos construtivos, onde o recobrimento das armaduras acabam com dimensões insuficientes à proteção necessária.
A segunda causa é a utilização de agentes aceleradores de endurecimento do concreto durante a sua confecção. Esses aceleradores possuem teores elevados de cloreto que, através de reações químicas, agridem as armaduras, provocando uma corrosão com conseqüentes deteriorização do concreto. A terceira grande causa enumerada por Adalberto é a existência de defeito da concretagem ( nichos ou brocas) que expõem as armaduras aos agentes agressivos do meio ambiente.
No caso específico de Brasília, há o agravante da condição atmosférica local que, além de atingir níveis baixos de umidade relativa ao ar, experimenta variações térmicas de áreas extremamente elevadas, gerando esforços indispensáveis á estrutura. Isso provoca fissuramentos excessivos e a conseguente degradação do concreto. CUIDADOS
Há, hoje, um preocupação dos engenheiros com a execução que busque maior qualidade quando da confecção das estruturas, principalmente quanto ao recebimento das armaduras e adequada vibração do concreto durante o seu lançamento.
Outro fator importante e que deve ser levado em consideração é a perfeita execução dos revestimentos e impermeabilizações que protegem as estruturas de concreto
COMO RECUPERAR
O engenheiro Adalberto avisa que a a primeira preocupação que o proprietário deve ter quando detectar a necessidade de recuperar uma estrutura deteriorada ou em fase deteriorização é a contratação de profissionais especializados. Isso para que o diagnóstico seja efetuado de forma tecnicamente correta,
Os casos mais comuns, no entanto, de degradação do concreto são fissuras, armaduras em processo de corrosão, brocas e concretos com carbonatação.
As fissuras são tratadas, via de regra, através de injeção de resinas epoxideas, que restabelecem a monolitidade da peça.
BROCAS– podem ser tratadas através de reconcretagens ou enchimentos com argamassas, bem como a utilização de epoxideas.
ARMADURAS– Inicialmente, elas devem sofrer tratamento que elimine o processo corrosivo. Aquelas onde a seção ou aderência com o concreto tenham sido consideravelmente abaladas serão substituídas. O processo de substituição poderá ser feito através de colagens de novas armaduras ao concreto com a utilização de resinas epoxideas ou pelo acréscimo de dimensões da peça com o uso do concreto.
CUSTOS
O mais importante de tudo, de acordo com observações do engenheiro Adalberto, é evitar que uma determinada construção atinja o estágio que exija recuperação. E os meios para se conseguir isso são a execução cuidadosa da obra e uma permanente manutenção.
O custo de uma recuperação varia de acordo com a fase da construção na qual se detecta o problema. Quanto mais adiantado estiver a doença do concreto, mais caro ficará a sua cura.Há casos de construções já acabadas em que é necessário a destruição de elementos de acabamento já concluídos para que se tenha acesso às estruturas e a conseguente cura. HISTÒRIA.
Na metade do século 19, o concreto surgiu na Europa e parecia eternamente sólido, nem tudo é perfeito ou durável. E, a partir dos anos de 1940,ele começa a apontar problemas – nichos amarelados e rachaduras. Algumas construções já aparecem doentes devido à baixa qualidade do material ou métodos ce construção errado. E as construções saudáveis tendem a ficar doentes com o tempo , assim como o ser humano que chega à velhice.
O ar e a água são os dois grandes males do concreto.
O gás carbônico do ar se difunde facilmente pelo concreto, alterando seu PH .
E, é bem verdade que o concreto surgiu da água . A água faz o cimento endurecer . Mas tem que ser na medida certa. Se for acrescentada pouca água, a massa fica pouco maleável . E se for colacada mais do que a quantidade certa, o concreto perde a resistência.
Portando, o processo de confecção do concreto deve ser feito com a orientação de um bom especialista. Caso contrário, uma construção já nascerá com problemas.