Vamos fazer uma breve viagem no tempo e saber onde foi cunhado o termo “Panelinha”? Pois bem, o termo panelinha no sentido de associar-se com alguém ou grupo fechado tem sua ocorrência mais antiga no ano 1720, isto de acordo com o Dicionário Houaiss.
Há ainda um outro contexto histórico que remonta ao século XIX, onde empresas em seus acampamentos ofereciam aos trabalhadores comidas feitas em grandes caldeirões. Logo surgiram trabalhadores que não gostavam daquela comida servida no tal caldeirão, e então, de forma isolada, cozinhavam outras porções em panelas pequenas.
Ao se reunirem falavam de tudo e de todos. Mas só ficava a comer naquela panelinha quem concordava com os assuntos abordados. Assim, outros não gostavam da comida do caldeirão e nem do tempero daquela panelinha, passando a cozinhar em outra panelinha com temperos e assuntos próprios. Temos ainda um registro brasileiro, formado por grandes escritores como Machado de Assis, Olavo Bilac, Graça Aranha entre outros, todos membros da ABL (Academia Brasileira de Letras).
Os almoços da confraria eram servidos em uma panela de prata, e os interesses comuns dessa fidalguia dava o direito a permanecer “comendo daquela panelinha”. Mas qual a importância de pertencer a um determinado grupo?
Empiricamente, temos a necessidade de sermos aceitos socialmente. Vamos ver? Se você chegar em uma roda de pessoas, e estas estão conversando sobre DOENÇA, das duas uma: ou você quer sair logo de perto ou seu cérebro buscará em suas lembranças alguém que já tenha passado por tal situação médica/hospitalar.
E se o assunto em voga fosse VIAGEM, com certeza, para entrar no assunto você relataria sua melhor experiência ou a mais cômica. Nosso sistema cerebral deseja ser congruente com o meio, nossas conexões têm efeito magnético. Sermos aceitos, admirados, quistos nos proporciona o sentimento de adequação ao meio gerando relacionamentos mais vindouros, networking, amizades. Assim, as panelinhas nos representam porque nós as escolhemos.
Vamos usar falar de condomínio utilizando essa metáfora: Caldeirão e Panelinha
Caldeirão é o todo. O todo é a regra. O caldeirão é o seu condomínio. Seu condomínio suas conexões. Quem são as panelinhas do seu condomínio?
Quais são os temperos que exalam da sua panelinha? A fofoca, o fuxico, a intriga, boato, murmuração, reclamação, especulação?
Ou sua panela tem temperos suaves que agregam, integram, aglutinam, acrescentam, somam, adicionam, alegram, congregam. Panelinha e comida regadas à harmonia, mesmo que hoje o menu seja trocado por força da maioria.
Nessa analogia entre Caldeirão, Panelinhas e Condomínios fica uma reflexão: não há tempero melhor ou mais gostoso, você pode gostar mais de açafrão ou cominho, sem problemas, mas desde que não seja o responsável por salgar, apimentar ou estragar a comida da outra panela. Que tempero você escolhe ser?
Por Quelem Machado
Analista de Recursos Humanos
Analista Comportamental
Personal & Life Coach
Professora, Palestrante
CEO da empresa ATTIVARE T&D
Contato: (61) 99334-0397