Criado em setembro de 2018, o grupo de WhatApp “Compra & Venda ” tornou-se sinônimo de comodidade e oportunidade aos moradores do condomínio Parque Chapada dos Buritis, em Várzea Grande. Cerca de mil integrantes compõe os 4 grupos de consumidores e comerciantes que ofertam produtos e serviços aos vizinhos do residencial.
No aplicativo, mensagens como “Vendo marmita”, “Entrego Pizza Pré-Assadas”, “Faço serviços de manutenção” e “Pão caseiro quentinho saindo” são enviadas diariamente aos condôminos que também participam ativamente a procura do que são oferecidos pelos vendedores que residem no local.
O designer gráfico e fotógrafo, Daniel Brandão, 24, conta que começou a vender pizzas no grupo desde que se mudou há 2 meses. Ele afirma que a renda tem ajudado no pagamento do imóvel. “Gosto de trabalhar com lanche, além da facilidade para compra dos moradores, as vendas ajudam na economia de casa e a pagar as parcelas do apartamento”, comenta.
Aproximadamente 1.750 residem atualmente no complexo de apartamentos, fator que colabora positivamente no fluxo de informação do que é comercializado no recinto.
Sueli Guilhermina Cassiano, 32, começa a rotina ainda de madrugada quando cilindra a massa para vender pães caseiros e cucas recheadas no período da tarde. Recém-formada como contadora, Guilhermina morava em Juruena (880 km ao noroeste de Cuiabá) e se mudou para a capital com o marido para estudar. Para ela, o modelo de negócio adotado pelos moradores foi essencial para fomentar as vendas que custearam o ensino superior dela e do esposo. “Este estilo de negócio é muito importante, pois o grupo é uma ferramenta que facilita a divulgar os produtos e informações para os clientes”, explica.
Além de produtos, o setor de serviços também é muito procurado. Manicure, cabeleireira, estética, aulas de dança e manutenção de equipamentos estão entre as dezenas de serviços oferecidos pelo aplicativo de celular. A busca é confirmada pela jovem Rafaela Rodrigues, 20, que dá aulas de balé e trabalha como maquiadora. “Eu gosto de fazer maquiagem e dou aula de balé. Isso tem uma boa procura pois estava em falta aqui no condomínio. As aulas de balé ajudam muito na minha economia porque elas acontecem aqui dentro, então, evita o gasto de precisar alugar um local”, afirma.
A advogada e moradora do Chapada dos Buritis, Janayna Nunes, 31, analisa a praticidade oferecida no sistema de vendas pelo fato de não precisar sair do condomínio e ir até ao mercado mais próximo, localizado a cerca de 2 KM de distância. “Eu gosto muito desse modelo de comércio, hoje mesmo eu queria comprar um refrigerante e ao invés de pegar o carro sair e ir até um supermercado, eu simplesmente enviei mensagem no grupo e entregaram aqui pra mim”, compara.
A facilidade também é percebida por outro condômino, o webmaster Thiago Elias, 27, ele afirma que para “os moradores, isso acaba facilitando a compra e eu creio que isso é uma forma de ajudar outras pessoas que também moram aqui”.
Visando fomentar ainda mais as vendas dos moradores, a cada 15 dias, o residencial promove uma feirinha na área comum do condomínio. Em cada edição são sorteadores expositores para participarem do evento. A subsíndica-geral do condomínio Chapada dos Buritis, Flávia Alves Mendes, 30, alega que a feira motiva o negócio local e proporciona uma relação mais próxima entre os condôminos.
“Acreditamos que a feirinha promove muito mais que comércio em si, mas a interação entre vizinhos e a valorização de nossos produtos. Além disso, o evento une os moradores e traz a possibilidade de consumir estes produtos em nosso próprio espaço”, explica.
O publicitário Juliano Toledo, 24, aproveitou a proposta para lançar uma marca de acessórios masculinos em que é sócio. Ele destaca que a oportunidade deve aumentar as vendas além de apresentar o novo negócio para os visitantes. “A Aquiles Acessórios é uma marca nova e é a primeira vez que estamos vendendo aqui. É interessante porque além da venda externa e online, por meio da feira, podemos fazer uma carteira de clientes com pessoas que moram aqui no residencial”, frisa.
De acordo com economista, Edisantos Amorim, o surgimento do modelo de negócio adotado pelos moradores representa a força da criatividade no estilo de empreender. Ele explica que o formato colabora para recuperação econômica das famílias que buscam por uma renda extra.
“Esse mercado organizado em redes, através de grupo de Whatsapp, Instagram e Facebook é uma tendência do empreendedorismo. Isso vem por diversas consequências, como o desemprego por exemplo, que tem impactado na renda dos brasileiros de uma forma geral. Pra isso as pessoas tiveram que se reinventar de alguma forma e isso fortalece a questão do mercado em grupo, na compra, na troca, na entrega. A tendência é que isso cresça ainda mais no mercado”, concluí.
Fonte: Gazeta Digital